A 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região manteve,
nesta semana, condenação da União ao pagamento de R$ 50 mil de
indenização por danos morais a homem preso ilegalmente em 2008 devido a
erro no SINPI – Sistema Nacional de Procurados e Impedidos. Apesar de o
processo contra o autor já estar arquivado, seu nome não tinha sido
tirado da lista de mandados de prisão.
O autor foi preso no aeroporto de São José dos Pinhais, no Paraná,
quando ia com a esposa, os filhos e um grupo de amigos para Buenos
Aires. Ele ficou detido por cinco horas até conseguir comprovar que se
tratava de um equívoco.
Em 2006, o autor teve decretada contra ele prisão civil por ser
depositário infiel em processo trabalhista, época em que a
jurisprudência admitia esse tipo de prisão, entendimento modificado pelo
Supremo Tribunal Federal em 2009. Após ser preso, ele quitou os débitos
trabalhistas no mesmo dia e foi posto em liberdade. O processo foi
concluído e arquivado.
A 1ª Vara Federal de Joinville (SC) condenou a União ao pagamento de
R$ 50 mil por danos morais e R$ 2.759,00 por danos materiais. A sentença
levou o autor e a União a recorrerem ao tribunal. O primeiro pediu
majoração do valor indenizatório por danos morais, e a União alegou que o
ato de prisão não foi ilícito, visto que o mandado estava válido no
sistema. Argumenta ainda que o autor não sofreu tratamento humilhante ou
degradante, conforme alegado, e pediu diminuição do valor da
indenização.
A relatora do processo na corte, desembargadora federal Maria Lúcia
Luz Leiria, entendeu que a manutenção do mandado de prisão no sistema,
mesmo com o pagamento da dívida e o arquivamento da reclamatória
trabalhista, constitui ato ilícito e deve ser reparado. “A segunda
prisão civil do autor foi ilegal, uma vez que o mandado expedido em 2006
não foi recolhido e permaneceu no SINPI, o que gerou constrangimento ao
autor, que chegou a ser levado pela Polícia Federal”, observou a
desembargadora.
Ela ainda repetiu em seu voto trecho da sentença que critica a
atuação da administração federal: “Esses problemas apenas evidenciam um
alto grau de negligência dos agentes públicos vinculados à União no
controle de um sistema decisivo, pois ordena prisões em todo território
nacional. Não há problemas técnicos que desculpem a União pelo absurdo
ocorrido”.
Maria Lúcia manteve o valor de R$ 50 mil por danos morais, por
considerá-lo adequado e proporcional ao caso, além de não acarretar
enriquecimento ilícito sem causa.
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